O GORRINGE SERÁ UMA NOVA ÁREA MARINHA PROTEGIDA

 

O Governo português propõe as impressionantes montanhas submarinas para que sejam protegidas na Red Natura 2000.

Com 5 000 metros de altura, os cumes de Gorringe, a 300 kilómetros da costa portuguesa, serão uma nova Área Marinha Protegida no Atlântico, de acordo com o que se depreende da nomeação que o Governo português realizou para estas montanhas submarinas[i]. A Oceana, que filmou o local em diversas ocasiões, mostra uma grande satisfação para este anúncio.

Desde 2005, a Oceana tem estado a trabalhar para que uma das montanhas submarinas mais espectaculares do mundo façam parte da rede de espaços protegidos do Atlântico. Estes enormes picos alojam uma grande biodiversidade e são o reflexo da história do Oceano Atlântico desde a sua origem até ao momento.

As montanhas de Gorringe nasceram com o Atlântico, começando a formar-se no final do Jurássico, com o movimento das placas tectónicas da América do Norte, África e Eurásia. Posteriormente, ao estar situadas sobre a falha de Açores-Gibraltar, sempre foram um lugar de história convulsa, incluíndo o grande terramoto de 1755, que gerou um tsunami que destruíu a cidade de Lisboa, assim como outras localidades portuguesas, espanholas e marroquinas.

Desde um ponto de vista biológico, as montanhas do Gorringe alojam uma variada fauna e flora graças à sua ampla distribuição batimétrica. Os picos Gettysburg e Ormonde chegam quase à superfície, permitindo o assentamento de grandes comunidades de algas, incluíndo os bosques de kelps. Nas suas encostas, agregações de esponjas, jardins de corais e fundos detríticos dão lugar a ecossistemas de alta complexidade, enquanto que nas suas águas se encontram grandes espécies pelágicas, como baleias, tubarões, peixes espada e aves marinhas.

Em Outubro de 2012, a Oceana, que colabora nos últimos anos com a Universidade do Algarve, levou a cabo a sua última expedição a Gorringe, na qual encontrou espécies nunca antes observadas nestas montanhas, como tubarões sapata, esponjas ninho e diversos corais negros. Mas também encontrou sinais de deterioração numa zona quase prístina, como lixos e restos de equipamento de pesca, em especial em fundos rochosos onde se encontra o longevo peixe relógio, que chega a viver mais de 125 anos.

“A nomeação de Gorringe como espaço protegido no Atlântico oferece esperança para a recuperação dos oceanos”, declara Ricardo Aguilar, Director de Investigação da Oceana na Europa. Portugal é o país com menos superficie protegida da Europa e tem de fazer um grande esforço para cumprir com os objectivos europeus e da ONU para conservar, pelo menos, 10% da sua superfície marinha”.

O Governo deste país pôs em funcionamento um grande projecto dirigido às suas águas que, além de o converterem no membro da UE com maior superfície marinha, podiam pô-lo no ponto de mira internacional. Com mais de 1,7 milhões de kilómetros quadrados de águas na sua Zona Económica Exclusiva, e cerca de 4 milhões de Km2 reivindicados como expansão da sua plataforma continental, Portugal assume uma responsabilidade internacional na conservação dos oceanos.

A Oceana filmou o Gorringe pela primeira vez em 2005, conseguindo as primeiras imagens que existiam deste banco. Graças ao apoio da Foundation for the Third Millennium, a organização internacional de conservação marinha documentou durante 2011 e 2012 as suas diferentes zonas com o objectivo de reunir dados que justifiquem a sua protecção.

Mais informação: Banco de Gorringe

A Oceana dispõe de fotografias e imagens de vídeo

[i] OSPAR. Meeting of the Intersessional Correspondence Group on Marine Protected Areas (ICG-MPA). Edinburgh, 21-23 January.